Síntese - Movimento Iluminista
Nos séculos XVII e XVIII, com a expansão do sistema
capitalista industrial, a burguesia europeia, retentora do sólido poder
econômico e financeiro, afirmou-se como camada social dominante, enquanto o
racionalismo imperava no continente europeu. O intenso desenvolvimento
científico e tecnológico obtido durante a Revolução Industrial contribuiu para
a difusão de ideais contrários ao Antigo Regime, que inspiraram a Revolução
Francesa, com os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, nos movimentos
de independência na América e inclusive no Brasil, com a eclosão da
Inconfidência Mineira.
A intensa valorização ao cientificismo, ao
humanismo e ao racionalismo, difundidos desde o Renascimento Cultural, no
século XV, intensificou o desenvolvimento técnico e científico para contra
argumentar as explicações incoerentes da Igreja Católica, que exercia poderosa
influência na Europa, por este motivo, o século XVIII, foi denominado como o
Século das Luzes. O seu principal representante, o filósofo inglês Francis
Bacon era empirista e defendia que o conhecimento impulsionava o desenvolvimento,
destacando-se os cientistas deste período, como Isaac Newton, comprovando a
força que a gravidade exercia no ambiente e o francês René Descartes, que
desenvolveu a Álgebra.
Os valores fundamentais defendidos pelos filósofos
iluministas são a liberdade de expressão, tolerância religiosa e filosófica,
liberalismo econômico e a igualdade jurídica, valores benéficos para a
burguesia, prevalecendo à igualdade de direitos e não a igualdade
socioeconômica.
O Iluminismo é um movimento filosófico instituído
por pensadores burgueses e aristocratas, porém ambos buscam o convencimento
racional da sociedade, desenvolvendo a capacidade intelectual do ser-humano. Os
filósofos iluministas baseiam-se no estudo da natureza e do ser-humano, na
história e na ideia de progresso.
Com o passar as
décadas, cresceu a ideia de que o mesmo método poderia ser utilizado com
sucesso em outras áreas da vida, levando ao progresso e à felicidade; assim, em
breve a própria política se apropriaria da ideia da razão como a mais benéfica
para a sociedade em geral, em contraponto à mera autoridade e à estratificação.
Destacaram-se os filósofos iluministas John Locke,
Voltaire, Rousseau, Montesquieu, Diderot, D´Alembert, Immanuel Kant e Adam
Smith. O filósofo inglês John Locke, considerado o “O Pai do Iluminismo”
defendia o fim do absolutismo monárquico, a existência de uma Constituição, a
propriedade privada e a liberdade de expressão e criticava o mercantilismo e os
benefícios concedidos ao clero e a nobreza, ideais responsáveis pela eclosão da
Revolução Gloriosa. O iluminista francês Voltaire acastelava a liberdade de
expressão, porém, acoimava a Igreja Católica, a inflexibilidade religiosa e o
poder demasiado dos monarcas absolutistas, fundamentados na sua obra-prima “Dicionário
Filosófico”.
O suíço Jean-Jacques Rousseau, autor da obra “O
contrato social” defendia a criação e existência de um Estado moderno e
democrático e criticava os excessos racionalistas e os vícios sociais,
tornando-se defensor da pequena burguesia, ideais presentes inclusive, na
Revolução Francesa. O Barão de Montesquieu foi um filósofo e jurista francês
que defendia a independência do Executivo, Legislativo e Judiciário e que as
suas instituições deveriam fiscalizar juridicamente um ao outro, portanto, para
Montesquieu, existem três formas básicas de governo, o monárquico, o
republicano e o despótico.
Os pensadores franceses Diderot e D’Alembert
organizaram entre a década de 1750 e a década de 1770, uma coleção de 35
volumes intitulada Enciclopédia, que continha o conhecimento científico
europeu acumulado até o século XVIII em 70 mil páginas. Temendo a sua
propagação, a Igreja Católica e os governos absolutistas proibiram a sua
leitura em seus respectivos territórios. A difusão dos conhecimentos iluministas
contidos na Enciclopédia favoreceu a independência das sociedades
coloniais.
Diversos monarcas absolutistas adotaram princípios
liberais em seus governos para reduzir a insatisfação popular como o realizado
pelos monarcas Frederico II da Prússia, Catarina II da Rússia e Maria Teresa d’Áustria. Esse tipo de prática governamental ficou conhecido como Despotismo
Esclarecido, pois os monarcas eram liberais, porém, ao mesmo tempo,
absolutistas. O Iluminismo é contrário ao mercantilismo e neste período, a
burguesia capitalista reivindicava maior liberdade econômica, por este motivo,
houve a criação da fisiocracia, teoria francesa que afirmava que as atividades
econômicas relacionadas à natureza eram a única forma para obter riquezas. O
economista e filósofo escocês Adam Smith foi o responsável pela criação da
teoria da Escola Clássica, segundo qual, o trabalho exercido pelo processo da
divisão do trabalho gerava a riqueza. Contrário ao mercantilismo, Adam Smith
defendia a divisão internacional do trabalho e o fim das medidas protecionistas.
Immanuel Kant foi o principal representante do
Iluminismo na Alemanha. Em sua obra “O que é ilustração”, Kant sintetiza
a possibilidade do ser-humano em guiar-se por sua própria razão. O ser-humano é
o centro da filosofia kantiana. Seus estudos realizam um exame crítico da razão
e para Immanuel Kant, há duas formas básicas para o ato de conhecer: o
conhecimento empírico, posterior ao experimento e o conhecimento puro, anterior
a experiência. Os juízos universais e necessários são classificados como juízo
analítico e juízo sintético e os distinguindo em três subcategorias, o juízo
analítico, sintético a posteriori e sintético a priori. Segundo Kant, o
ser-humano possui estruturas que possibilitam a experiência e o entendimento,
denominado como apriorismo.
As ideias iluministas alcançaram o Brasil por volta do século XVIII. As classes sociais mais abastadas estudavam na Europa, sobretudo na França e na Inglaterra, estando em constante contato com as teorias e os pensamentos iluministas. Ao retornarem ao país, divulgavam e difundiam nos centros urbanos brasileiros, o Iluminismo. O Movimento Iluminista influenciou, no âmbito histórico brasileiro, especialmente na Inconfidência Mineira, que ocorreu em 1789, usando-o como base teórica e prática para fundamentar a tentativa de independência do Brasil.
Portanto, o Iluminismo ou
Ilustração constituiu um movimento cultural que exerceu forte influência
na Europa Ocidental no século XVIII e acarretou em amplas transformações, em
acontecimentos históricos de extensa influência até a contemporaneidade, como a
eclosão da Revolução Francesa em 1789, na Independência dos Estados Unidos da
América e influenciando, inclusive na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, no Código Napoleônico e na Constituição Brasileira.
O Iluminismo propunha a igualdade de direitos e não a igualdade socioeconômica.
Burguesia Francesa
O economista e filósofo escocês Adam Smith. 1723
Para saber mais...
· Vídeo
Amadeus (EUA, 1984). 158'. Dir. Milos Formam
· Livros
Luiz R. Salinas Fortes. O Iluminismo e os reis filosóficos. São Paulo, Brasiliense, 1982.
Francisco José Calazans Falcon. Despotismo esclarecido. São Paulo, Ática, 1986.
· Jogo
https://rachacuca.com.br/quiz/35887/iluminismo-i/
https://rachacuca.com.br/quiz/35887/iluminismo-i/
Referências:
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