Síntese: Revolução Industrial - Felipe Machado.

A Revolução Industrial é um marco revolucionário e histórico, originado entre o final do século XVII e o início do século XVIII, caracterizado por acarretar intensas transformações socioeconômicas, presentes até os dias atuais, subdividida em Primeira, Segunda e Terceira Revoluções Industriais.
A Primeira Revolução Industrial consolidou-se através do acúmulo de capitais obtidos com a expansão do comércio internacional nos séculos XVI e XVIII e com o desenvolvimento das Grandes Navegações. A acumulação de capitais  por parte da Coroa Britânica deu-se através dos ataques aos navios espanhóis que transportavam metais preciosos das suas colônias latino-americanas por parte dos corsários ingleses, da assinatura do Ato de Navegação em 1651, eliminando a Holanda como potência marítima e comercial hegemônica, a assinatura do Tratado de Methuen com Portugal em 1703, responsável por gerar superávit na balança comercial inglesa e pelos investimentos realizados na indústria têxtil com as riquezas minerais extraídas do Brasil durante o período colonial, pelas práticas mercantilistas, pela defesa, após a Revolução Gloriosa de 1688, ao liberalismo econômico burguês, pela disponibilidade de mão de obra ampla e barata, pela existência de abundantes jazidas de carvão e de ferro neste país e religiosamente, pela propagação do Calvinismo, que incentivava a dedicação ao trabalho, além do desenvolvimento técnico nos meios de produção.

No século XVII, com a promulgação da Lei de Cercamentos de Terras, houve a intensificação do desemprego e do êxodo rural, pois as terras comunais tornaram-se propriedades particulares do clero e da nobreza, e por consequência, do processo de urbanização devido a intensa industrialização do século XVIII, constituindo uma ampla e barata mão de obra assalariada nas indústrias, pertencentes a burguesia capitalista  e acarretando na formação de um novo grupo social, o proletariado, constituído pelos camponeses desempregados pelos cercamentos e pelos artesãos empobrecidos com o crescimento das manufaturas.
Com a expansão dos ideais iluministas no século XVIII, reafirmaram-se o racionalismo, o antropocentrismo e o cientificismo. A enriquecida e poderosa burguesia inglesa realizou investimentos nos meios científicos para posteriormente, aumentarem a produtividade e os lucros do sistema capitalista britânico. O pioneirismo inglês no século XVIII é marcado pelo grande desenvolvimento tecnológico e científico, destacando-se a origem de importantes inventos para os processos produtivos, como os teares e a máquina a vapor, este sendo amplamente utilizado na mineração, na siderurgia e nos transportes, com o desenvolvimento das malhas ferroviárias no século XIX, ambos acelerando o processo produtivo.
Até o final do século XVII, haviam as atividades artesanais, distintas por serem realizadas individualmente, na qual o próprio dono era responsável por todas as etapas de produção, porém, com a finalidade de baratear os elevados preços dos produtos e acrescer a produção, os capitalistas ingleses formaram organizações de cooperação constituídos por vários artesãos, na qual cada um se especializava em apenas uma tarefa, processo denominado como divisão do trabalho, amplamente defendido e contextualizado por filósofos iluministas como o pensador escocês Adam Smith, em sua obra-prima “A Riqueza das Nações”.

A Revolução Industrial transformou profundamente a relação do ser humano com o tempo, pois no sistema capitalista de produção, produzir mais em menos tempo é uma exigência para majorar o lucro ou capital.
Após as duas etapas do processo industrial, originou-se a maquino fatura. Devido a presença de uma farta e disciplinada mão de obra presente nas cidades, os proprietários dos meios de produção empregavam principalmente mulheres e crianças, por constituírem uma mão de obra barata, oferecendo salários desvalorizados com uma carga horária de 14 a 16 horas diariamente, por possuírem maior facilidade em locomover-se nos poucos espaços vagos ocupados pelos maquinários e por serem mais ágeis e atentos para operá-las, evitando a ocorrência de acidentes, situação incorporada inclusive aos mineiros das bacias carboníferas e ferríferas inglesas, essenciais ao funcionamento das fábricas mal ventiladas, abafadas e sujas.
Enquanto houve a ascensão da burguesia inglesa em âmbito socioeconômico, o proletariado organizou-se para lutar por melhores condições de trabalho, entre eles, o de maior relevância foram os movimentos ludistas, movimentos previamente organizados a partir do início do século XIX, realizados em diferentes localidades ao mesmo tempo, chamando-se assim, devido ao seu provável líder Ludd, cuja existência não foi comprovada historicamente e embora violento, contribuiu para o aumento significativo dos salários. Destacaram-se também a formação dos sindicatos, os trade unions, o Cartismo em 1830, com finalidade de reivindicar o sufrágio universal masculino, porém optando pelas vias políticas e as greves, organizadas a partir do final do século XVIII, intensamente reprimidas pelos governos em benefício dos burgueses capitalistas, associado a principal característica do sistema capitalista internacional, a oposição de interesses entre o proletariado e a burguesia.
Após a Inglaterra, berço da Revolução Industrial, a industrialização expandiu especialmente no século XIX, entre a transição da Primeira e da Segunda Revoluções Industriais, para as nações europeias , destacando-se a Bélgica, Alemanha, França e Itália, assinaladas por apresentarem elevada urbanização, isto é, ampla mão de obra barata, abundância de jazidas minerais, especialmente ás de carvão e de ferro, expansionismo das suas multinacionais e a acumulação de capitais, acarretada pela intensa exploração colonial durante o Imperialismo na segunda metade do século XIX até 1945, na África, Ásia, América e Oceania, após isso, ocorreu nos Estados Unidos e no Japão, devido ao intenso esforço dos seus governos ao incentivar o crescimento industrial e aos países subdesenvolvidos e tecnologicamente obsoletos, cuja industrialização ocorreu apenas a partir do século XX, como o Brasil e a África do Sul.
A Revolução Industrial intensificou profundamente o processo de urbanização em âmbito global, especialmente na Europa em si, devido ao êxodo rural que decorreu neste período, pois eram nas cidades onde houve a implantação e concentração das indústrias, a acumulação de capitais, os centros comerciais, avanço técnico e científico e a infraestrutura necessária ás instalações dos parques industriais, favorecendo o desenvolvimento de uma capacidade produtiva maior.
Portanto, a Revolução Industrial tornou-se um complexo de transformações socioeconômicas que alterou significativamente as sociedades europeias ocidentais e mundiais entre os séculos XVIII e XIX. Está subdividida historicamente em três etapas de fundamental importância para o desenvolvimento industrial, a Primeira etapa, que ocorreu entre 1760 a 1860, caracterizada pelo surgimento das primeiras indústrias têxteis na Inglaterra, a Segunda etapa, entre 1860 a 1900, período da expansão industrial aos países da Europa Ocidental, aos Estados Unidos e ao Japão, acompanhado do surgimento de inovações técnicas e tecnológicas, como a substituição do ferro pelo aço, mais acessível e barato do que a sua matéria-prima, amplamente empregado na construção civil e nos meios de transportes, como as ferrovias e as embarcações a vapor, utilizadas para o escoamento das mercadorias e no deslocamento civil, na criação da lâmpada elétrica por Thomas Edson em 1879 e pelo surgimento dos automóveis, no final do século XIX, pelo pioneiro Henry Ford, nos meios de comunicação em massa como o telégrafo, o telefone e o cinema e a utilização periódica dos combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás natural e por fim, a sua Terceira etapa, caracterizada pelo impacto das novas tecnologias, como os computadores e as telecomunicações, nos meios de produção e no ambiente social contemporâneo, e pela elevada mecanização, que por consequência, elevou o desemprego, especialmente nas nações industrialmente desenvolvidas. Com a finalidade de justificar a oposição de interesses existentes entre o proletariado e a burguesia capitalista e as novas direções da sociedade industrial capitalista, houve o surgimento de teorias e ideologias socioeconômicas, destacando-se o liberalismo econômico e o socialismo, possuindo como os seus principais difusores e representantes, o filósofo alemão Karl Marx e o inglês Friedrich Engels.


O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889 por um congresso da Internacional Socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem às greves.

Produção Manufatureira – Na Idade Média muitos trabalhadores passaram a trabalhar para um único comerciante.

Por outro lado, o capital que vinha se acumulando, até então, na esfera da circulação foi, gradativamente, penetrando no espaço da produção.

Referências

Por Felipe Santos Machado, aluno do 8º ano da Escola Integração.

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